domingo, 24 de julho de 2011

Mia Couto

" Pergunta-me
se ainda es o meu fogo
se acendes ainda
o minuto da cinza
se despertas
a ave magoada
que se queda
na árvore do meu sangue

Pergunta-me
se o ventro não traz nada
se o vento tudo arrasta
se na quietude do lago
repousaram a fúria
e o tropel de mil cavalos

Pergunta-me
se te voltei a encontrar
de todas as vezes que me detive
junto das pontes enevoadas
e se eras tu
quem eu via
na infinita dispersão do meu ser "

" Reencontrar secretamente | o fugaz encanto | o perfeito momento | em que a carne tocou a fonte| e o sangue | fora de mim | procurou o seu coração primeiro"


"Nesse lugar
encostamos os nossos lábios
à funda circulação do sangue
porque me amavas
eu acreditava ser todos os homens
comandar o sentido das coisas
afogar poentes
despertar séculos à frente
e desenterrar o céu
para com ele cobrir
os teus seios de neve "

- Que lindos poemas. quanto talento.

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